domingo, 7 de março de 2010

FUNÇÕES DA LINGUAGEM











Num ato de comunicação, estão sempre presentes seis elementos, que, no caso da comunicação linguística, são os seguintes:
1. emissor: quem se comunica, isto é, quem emite a mensagem, falando ou escrevendo (o eu da comunicação);
2. receptor: quem recebe a mensagem, isto é, o ouvinte ou leitor (o tu ou você da comunicação);
3. mensagem: o texto, falado ou escrito, que o emissor envia ao receptor;
4. referência ou referente: aquilo a que a mensagem se refere (o ele/ela/aquilo da comunicação);
5. código: língua na qual a mensagem é elaborada;
6. canal: meio de transmissão da mensagem (vibrações no ar, papel e tinta, telefone...).
Numa dada comunicação, a função da linguagem é determinada pela importância relativa de cada um desses elementos. Dependendo do elemento que ocupe o papel central, temos uma ou outra das seguintes funções da linguagem:
1. função EMOTIVA: o emissor ocupa o centro da comunicação, pois a mensagem se refere ao próprio emissor, ao eu que se manifesta, exprimindo seus sentimentos e emoções. O exemplo mínimo de função emotiva é uma interjeição (ah! ui!), palavra que pura e simplesmente denota emoção; outros exemplos: cartas de amor, lamentos;
2. função CONATIVA ou imperativa: o receptor é o foco da comunicação, pois a mensagem visa a convencê-lo, influenciá-lo, determinar o seu comportamento. Os exemplos mínimos desta função são o imperativo, forma verbal que exprime ordem ou exortação, e o vocativo, que é um apelo ou chamamento ao receptor; outros exemplos são ordens e conclamações de qualquer tipo, propaganda etc.;
3. função POÉTICA, estética ou artística: a própria mensagem (o texto) ocupa o centro da comunicação, pois ela é organizada para produzir um efeito estético, isto é, artístico. Neste caso, o elemento decisivo é a organização das palavras, voltada para uma estruturação excelente do texto. Assim, ao preferir dar a sua filha o nome Ana Paula em vez de Paula Ana, o pai está escolhendo o texto (o nome) que soa melhor, que produz melhor efeito estético, ou seja, que é mais belo. Ele está usando a linguagem em sua função poética, tanto quanto um poeta, que escolhe as palavras levando em conta não apenas os seus sentidos, mas também os seus sons, os seus ritmos, as suas imagens, as suas evocações;
4. função REFERENCIAL: o centro da comunicação é o referente, a mensagem é voltada para a referência ao mundo, como ocorre em notícias de jornal ou quaisquer textos informativos a respeito da realidade exterior à comunicação;
5. função METALINGUÍSTICA: a linguagem se volta sobre a própria linguagem, seja por se referir ao código, isto é, à língua em que a mensagem é elaborada (como numa gramática ou dicionário), seja por se referir a si mesma ou a outras mensagens, tomadas em seus aspectos linguísticos (como nos estudos sobre literatura e arte);
6. função FÁTICA: a mensagem se refere ao canal que a transmite. Por exemplo, quando dizemos alô ao telefone, o que comunicamos é que o canal (o sistema telefônico) está conectado. Quando perguntamos Como vai? a alguém que acabamos de encontrar, o que desejamos é iniciar o contacto com a pessoa (ligar o canal), não propriamente saber de sua vida. Várias funções da linguagem podem estar presentes numa mesma mensagem; uma dessas funções, porém, será predominante e as demais, secundárias. Sirva de exemplo o famoso poema de Vinícius de Moraes que começa com De tudo ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto... Nesse poema, como em toda poesia, predomina a função poética da linguagem, como acima se explicou. Mas, ao lado da função poética, destaca-se a função emotiva, pois se trata de um poema lírico, assim chamado porque nele um eu (o eu lírico) exprime suas emoções.

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