segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O INTERNETÊS: A MAIS NOVA FORMA DE LINGUAGEM

Daniela Sacramento de Jesus[1]
***
RESUMO: Esse artigo tem como objetivo abordar a linguagem do internetês e o que a mesma tem provocado no desempenho da escrita dos alunos, a fim de trazer soluções plausíveis sobre a postura que o educador deve ter diante dessa problemática dentro da sala de aula.
***
PALAVRAS CHAVES: internetês, professores, alunos, internet, linguagem e comunicação.
***
1.O QUE É O INTERNETÊS?
O internetês é uma linguagem digital originada dos chats de conversação, mensagens de celular, blogs (diários virtuais), icq (programas de comunicadores instantâneos) e sites de relacionamento. Essa nova forma de comunicação está fundamentada na simplificação informal da escrita, com o objetivo principal de tornar mais rápida a comunicação, fazendo dela uma linguagem taquigráfica, fonética e visual. As principais características que podem ser observadas no internetês são as abreviações (fds, td, blz, etc.), os símbolos visuais (emotions), símbolos gráficos, etc. Porém, essa linguagem tem “invadido”o âmbito escolar “atrapalhando” e “confundindo” a escrita dos alunos causando assim polêmica e repúdio de alguns professores e pais que se sentem confrontados, muitas vezes sem saber como lidar com esse novo mundo, o digital. É justamente por essa falta de contato com esse contexto cultural atual que ambos se sentem intimidados. Sendo assim, qual é o papel da escola e especificamente do professor: ser intolerante às novas formas de tecnologia, ou encontrar um meio de interagir com seus alunos e o corpo escolar como um todo (isso inclui também a comunidade) a fim de garantir a livre expressão, não deixando de levar em conta a importância da nossa língua padrão?
***
2.IMPORTÂNCIA DO INTERNETÊS:
Para muitos autores, os blogs, chats e comunidades virtuais, entre outras formas de literatura do ciberespaço, podem desenvolver o autoconhecimento da criança e do adolescente. Porém outros escritores e linguistas, assim como o senso comum, pensam que o internetês ocasionará a extinção da nossa linguagem padrão. Pode-se analisar que o medo do novo é inerente a todos os indivíduos, pois quando não conhecemos algo, ficamos confusos em meio a duas direções: ou nos aproximamos, a fim de entender o que está acontecendo, ou nos afastamos, com medo de nos machucarmos. Esse estranhamento é extremamente natural, porém deve se desconstruir aos poucos a partir do momento em que as pessoas começarem a se apropriar do universo virtual e consequentemente entender que essa nova forma de comunicação não tornará a escrita padrão extinta.
***
3.OUTRAS LINGUAGENS VIRTUAIS:
Segundo a wikipédia[2], a linguagem digital não possui uma linearidade, por isso existem outras formas de comunicação mais complexas que o internetês. É o caso do miguxês, termo popular usado para definir uma forma de grafia, a qual tem como referência a linguagem infantil, sendo difundido na internet por um número significativo de adolescentes, particularmente de uma tribo chamada “emocore” ou “emo”. Contudo, o miguxês não se confunde com o internetês por não se limitar somente à internet, muito menos servir para tornar a comunicação mais rápida . O que acontece é o inverso, pois, essa forma de escrever é ainda mais trabalhosa que a escrita padrão, pois, utiliza-se do recurso de alternar letras maiúsculas com minúsculas e substituir o s por x. O nome miguxês é um termo oriundo de miguxa, um hipocorístico para “amiga”. Já o leet é uma forma de escrever o alfabeto substituindo as letras por outros símbolos, como números . O leet entra em ação como uma subcultura ligada ao universo dos jogos de computador e internet, usado para confundir os iniciantes propositalmente, sendo que para os usuários mais antigos, essa linguagem se reflete numa auto-afirmação do grupo. Dessa forma, essas linguagens virtuais se configuram de acordo com a identidade cultural de um determinado grupo de pessoas, pois, as mesmas são utilizadas como um meio de comunicação particular entre indivíduos que possuem interesses comuns.
***
4.O INTERNETÊS REALMENTE INTERFERE NO DESEMPENHO DA ESCRITA DOS ADOLESCENTES?
Em meio a toda variedade lingüística, muitos autores, professores e pais são contra a essa nova maneira de escrever, porque acreditam que a mesma está modificando a nossa gramática, o que não condiz com a prática, pois, a língua é tão dinâmica que muitas gírias já foram incorporadas ao nosso vocabulário dito formal (o termo internetês ainda não foi inserido no nosso dicionário) . Por que então isso aconteceria com o internetês, uma vez que o mesmo não deixa de ser uma linguagem que está ligada à uma nova cultura?
Apesar de ser uma linguagem que não possui regras estabelecidas já que as mesmas são construídas pelos próprios usuários (Isso é interessante porque da mesma forma que falamos de um jeito diferente, podemos utilizar o internetês de maneira também particular), o objetivo central é se comunicar de um modo que o receptor entenda o que está sendo escrito.
Diante desse contexto, a escola exerce um papel crucial em meio a essa questão, pois é papel do professor orientar quando e onde seus alunos(as) podem utilizar determinada linguagem. Nós, como futuros educadores, devemos nos familiarizar com as múltiplas linguagens, assim como a difusão das tecnologias, dos neologismos, expressões e as diferentes formas de articulação. Apesar da existência da falta de interesse de alguns educadores em relação a esse novo mundo, ser bastante presente, é necessário refletir a educação associando-a ao uso da tecnologia digital, já que a mesma faz parte do nosso contexto atual. A flexibilidade e a abertura para o intercâmbio de conhecimentos novos deve ser uma atitude contínua no cotidiano dos professores e especialistas da educação e como o uso da internet está se difundindo tanto nas escolas públicas, quanto nas particulares - pois a maioria dos estudantes tem acesso à rede, tanto em lan-houses e infocentros, quanto em suas casas e nas escolas - torna-se um dos papéis do educador preparar seus educandos para usar de maneira crítica as inúmeras formas de comunicação escrita empregando-as corretamente.
***
5.COMO O PROFESSOR PODE TRABALHAR O MUNDO VIRTUAL COM SEUS ALUNOS?
“Não queremos a Internet nas escolas, mas as escolas na Internet. É uma diferença fundamental. Eu quero ir ao Louvre ou a uma biblioteca na rede, mas quero também estar presente com meus valores emocionais, culturais e sociais na rede. Estando preparado para gerar conhecimentos no plural, poderei visitar outros conhecimentos... (PRETTO, Nelson De Luca. O futuro da escola,1999)”.
De acordo com a citação acima, as escolas devem levar em conta o contexto sócio-cultural dos seus alunos, estabelecendo uma relação com o que acontece na atualidade em nossa sociedade. Sendo assim, o mundo virtual deve fazer parte do âmbito educacional, não somente como um discurso “vago” de inclusão digital, a qual não acontece na realidade, mas como parte do processo de ensino-aprendizagem, que através da utilização da rede seja como fonte de pesquisa, entretenimento ou como meio de divulgação intelectual e troca de conhecimentos, etc, virá a proporcionar mais rapidamente a interatividade entre todo o corpo escolar. Dessa forma, professor deve utilizar como conteúdos os sites mais visitados por seus alunos: orkut, chats, etc, a fim de trabalhar porque o internetês é utilizado nesses espaços e discutir as regras da língua portuguesa, assim como a história da sua evolução. Uma outra forma interessante e prazerosa é a criação de um blog feito pelos mesmos, o qual terá como objetivo a publicação das impressões sobre as aulas, além de servir como um jornal virtual sobre os acontecimentos culturais da instituição e da comunidade, além disso, esse seria o espaço dentro do ambiente escolar no qual seria possível o uso livre da linguagem padrão, o professor então não deve comparar ou diferenciar a linguagem formal do internetês, mas, deve informar aos seus alunos sobre os ambientes em que as mesmas podem ser usadas (até porque se quisermos transgredir a nossa gramática, devemos entender como a mesma funciona, cabe ao professor deixar isso explícito).
***
CONCLUSÃO:
Nós educadores devemos ser flexíveis às mudanças que ocorrem na nossa sociedade, levando para sala de aula o contexto cultural e social dos nossos alunos. Dessa maneira estabeleceremos um diálogo contínuo tanto com todo o corpo escolar (alunos, funcionários,etc.) quanto com os pais sobre a importância da utilização das novas tecnologias no âmbito educacional a fim de inserir toda a comunidade no mundo digital.
***
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Wikipédia: A enciclopédia livre. Internetês[online] Disponível na internet via WWW. URL:http://pt.wikipedia.org/wiki/Internetês. Última atualização em 25 de novembro de 2007
FERREIRA, António Miguel. Dicionário De internetês.[online] Disponível na internet via WWW. URL: http://homepage.esoterica.pt/~amcf/internetes.html. Última atualização em 18 de agosto de 1995
HANSEN, Karla. Internetês: ameaça a língua portuguesa[online] Disponível na internet via WWW. URL: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materia.asp?seq=227. Última atualização em 11 de abril de 2005
[1] Aluna graduanda em pedagogia 4° semestre, pela Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação.CC
[2] Enciclopédia multilingue on line,a qual é escrita por pessoas de todo mundo de forma colaborativa e voluntária. Sendo assim, todos artigos publicados estão sujeitos a mudanças, desde que as mesmas preservem os direitos de cópia e modificações já que o conteúdo da wikipédia está sob responsabilidade da GNU/FDL(é uma licença para documentos e textos livres publicada pela Free Software Foundation. A GNU FDL permite que textos, apresentações e conteúdo de páginas na web sejam distribuídos e reaproveitados, mantendo, porém, alguns direitos autorais e sem permitir que essa informação seja utilizada de maneira incorreta).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores