segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PROJETO PATRIMÔNIO HISTÓRICO - A IGREJA SANTA TERESINHA








Dom Antônio de Almeida Lustosa, no dia 17 de dezembro de 1927, abençoou a pedra fundamental para a construção da Igreja Santa Terezinha. A inauguração se deu no dia 31 de março de 1929.
Com a chegada dos Padres Capuchinhos, no final do ano de 1946, surgiu a necessidade de construção de uma nova Matriz.
As obras da atual Igreja de Santa Terezinha iniciaram-se no dia 07 de janeiro de 1960. Sua pedra fundamental foi benzida por Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, no dia 02 de outubro do mesmo ano. A antiga Igreja pintada de cor rosa, foi demolida em dezembro de 1961. A planta foi desenhada pelo Sr. Nicolau Baldassare, sob a orientação do Vigário da Paróquia. A construção ficou a cargo do engenheiro uberabense João Laterza. “Os trabalhos de decoração e pintura foram entregues aos artistas espanhóis Carlos Fachion Sanchez e Antônio Lopes Dias. Os vitrais foram encomendados à Casa de Vitrais Conrado Sorgenicht S.A., de São Paulo. Os temas foram inspirados na vida de São Francisco de Assis, e principalmente, na vida de Santa Terezinha do Menino Jesus.
No dia 07 de março de 1965, foi celebrada a primeira missa em língua vernácula, na Igreja de Santa Terezinha” (PRATA, 1987, p.131).
A inauguração da igreja nova foi no dia de Santa Terezinha, 1º de outubro de 1962, durante missa cantada pelo coral do Instituto Marcelino Champagnat, dos irmãos Maristas, segundo depoimento do prof. Pedro dos Reis Coutinho, que fazia parte do coral.


60 anos da Paróquia Santa Teresinha II - Carlos Pedroso
Para entender o nome de Paróquia Santa Teresinha, precisamos nos reportar ao segundo bispo de Uberaba, Dom Lustosa, que era padre salesiano, ilustre professor de Português. Nomeado bispo de Uberaba, a 4 de junho de 1924, com posse a 1º de março de 1925. Sendo salesiano, aperfeiçoou o carisma de sua congregação, que é crer ser possível educar a juventude para viver o ideal cristão de fuga a todo pecado. Um aluno salesiano, falecido com apenas 15 anos, a 9 de março de 1857, Domingos Sávio, foi canonizado a 12 de junho de 1954, por ter vivido seu santo propósito: “Antes morrer que pecar”. Outra católica glória de santidade juvenil do século 19 foi Santa Teresinha, falecida em 30 de setembro de 1897 e canonizada a 23 de abril de 1925. Entusiasmado, Dom Lustosa toma posse em Uberaba a 1ª de março de 1925, um mês antes daquela célebre canonização tão festejada e comentada por todo o mundo católico. Uma santinha que viveu só 7 anos em mosteiro carmelita, passou ao mundo a ideia de que santidade é possível até para jovens. Dom Lustosa não perdeu a oportunidade de exaltar a possível santidade mesmo para gente de vida simples. Idealizou a construção do Santuário de Santa Teresinha no bairro Fabrício, na praça Santa Bárbara, hoje Santa Teresinha. A matriz de Uberaba, a Abadia, São Domingos e, naquele tempo, a catedral das Mercês eram as igrejas para as Missas dominicais. Com o Santuário, os fabricianos teriam sua própria igreja. O povo católico aprovou a ideia dessa comemoração da canonização de Santa Teresinha, ali na praça S. Bárbara, hoje S. Teresinha. Mas houve opositores ferrenhos. Ali na praça morava um político muito influente, Sr. Ranulfo Borges, que desejava que a praça tivesse o nome de seu pai, Sr. Aristides Borges. O santuário virou caso de política. O célebre pintor uberabense de fama nacional, José Maria Reis Júnior, autor de um livro sobre a pintura de Belmiro Almeida, escreveu no “Lavoura e Comércio” um artigo afirmando haver aqui igrejas demais. Melhor seria construir um leprosário. Fiscais da prefeitura, instigados pelos ricos Araras e por Sr. Ranulfo Borges, perseguiam aquelas quermesses. A 24 de maio de 1927, D. Lustosa apelou ao Dr. José Ferreira do partido dos pobres, o Pachola. Dr. Ferreira era esposo de Dona Yayá, festeira católica de quermesses. Cessadas as oposições, a bênção da pedra fundamental a 18 de dezembro de 1927, comemorado o evento, no Natal de 1927, com rosas a quem contribuísse. A inauguração do Santuário foi a 31 de março de 1929. Infelizmente, demolido em 1960.

Carlos Pedroso é professor de português, historiador e autor de livros, artigos e ensaios sobre a história de Uberaba

FONTE:


60 anos da Paróquia Santa Teresinha III - Carlos Pedroso
Missionários capuchinhos italianos itinerantes estão presentes no Brasil desde 1538. Em artigo anterior, relembramos a História por que a Paróquia de Santa Teresinha se chama assim. Existe como paróquia desde 20 de agosto de 1946 e sua primeira matriz foi o pequeno Santuário de Santa Teresinha, inaugurado por Dom Lustosa a 31 de maio de 1929. Consta, salvo melhor pesquisa histórica, que a prefeitura cedera metade da Praça Santa Teresinha para espaço do antigo Santuário. Não li tal documento municipal. Se realmente existiu essa “concessão” à Igreja, em metade da praça Santa Teresinha, foi um grande erro histórico a prefeitura ter negado a construção desta atual igreja em frente ao pequeno mas altivo santuário, que não precisava ter sido demolido. Uberaba precisa aprender a não destruir monumentos históricos. Ficariam tão históricas as duas igrejas, uma na frente da outra... Onde hoje é a praça Santa Teresinha era o Largo Santa Bárbara. Era lugar de touradas e de circos. Era também o lugar de corso de blocos carnavalescos ou de “festas carnavalescas que se realizam no mesmo jardim”, segundo o testemunho de uma carta de D. Lustosa ao Dr. José Ferreira, queixando-se de que havia perseguição religiosa contra quermesses em benefício da construção do Santuário de Santa Teresinha, sob o pretexto de desordens e barulho, quando a prefeitura tinha permitido no mesmo local barulhentos circos e festas carnavalescas. Nesse antigo Largo Santa Bárbara, para pedir chuva do céu, eram célebres as procissões religiosas até um tosco cruzeiro ali instalado. Quanto a circos, em Uberaba foi famoso o circo dos irmãos Chirolo com bonecos. O último circo ali instalado no largo foi o Circo Stefanovick, russo, com os palhaços O Bêbado e O Gusta Gusta, em 1926, e foi a primeira vez que Uberaba viu um elefante de circo. Na praça S. Teresinha, se veem sinais de chafariz tendo, até 1969, água corrente e peixinhos. Santa Bárbara é a santa protetora contra intempéries climáticas. Nesse largo, antigamente, havia a antiga tradição de procissões de madrugada em tempo das 4 anuais “temporas” litúrgicas ao início das 4 estações do ano. Eram 3 dias de jejum, quarta-feira, sexta-feira e sábado da terceira semana do Advento, depois da primeira semana da Quaresma, depois da semana que precede Pentecostes e finalmente da terceira semana de setembro. Nessas procissões em madrugadas, o padre ia à frente com o longo e pesado pluvial, rezando longas ladainhas repetidas pelo povo, pedindo boas colheitas a Deus. Com a predominância da população não mais residindo na zona rural, após o Concílio Vaticano II, 1965, a Igreja retirou da Liturgia vários costumes medievais e até o jejum das 4 têmporas do ano. Bom Domingo.

Carlos Pedroso é professor de português, historiador e autor de livros, artigos e ensaios sobre a história de Uberaba
FONTE:

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